O morador me procurou dizendo que roubaram o par de tênis que ele deixou do lado de fora do apartamento. Pode isso? Agora tenho que cuidar até de sapato??
Era uma manhã calma de quarta-feira. Por incrível que pareça, o transito da minha casa até o condomínio estava uma maravilha.
Nem parecia dia de semana normal.
Quando cheguei com o meu carro no condomínio, antes de abrir o portão da garagem, o porteiro me cumprimentou de longe com aquele sorriso que só eu conheço. Com certeza, era um problema que estava me aguardando.
Bem! Seria mais um problema para resolver no meu dia a dia. Porém, estava contente e calmo, sem estresse porque como eu disse, não peguei nenhum transito para chegar ao prédio.
Quando me aproximada da minha vaga, a Dna. Marli do 104 já me esperava na garagem mesmo, com um olhar furioso. Pensei! Lá se foi o meu dia calmo e tranquilo.
Assim que estacionei e saí do carro, disse ¨Bom dia!¨
Dna. Marli respondeu. – Bom dia nada Sr. Carlos.
– Roubaram o par de tênis do meu filho, que ele deixou no tapetinho do lado de fora do apartamento. Eu peço a ele para não entrar com o tênis sujo no apartamento.
– Quero que o condomínio me reembolse. Era um tênis novinho.
Expliquei para a Dna. Marli que o condomínio não se responsabilizava por objetos e pertences deixados nas áreas comuns. Não há como averiguar quem pegou o tênis e também seria impossível instalar câmeras nos andares, porque a contar pelo número de blocos e áreas sociais, o número de câmeras chegaria a mais de 400.
Nesta hora, tentando argumentar com ela, Dna. Marli começou a gritar… a berrar… a chorar… falar dos seus problemas, do seu filho… Ahh!! Síndico nestas horas precisa ser psicólogo também.
Falei. – Dna. Marli, vou fazer o seguinte. Vou mandar um e-mail para todos os moradores do seu andar e perguntar se viram alguém com o tênis do seu filho.
Ela me agradeceu, pediu desculpas e prometeu que na próxima assembleia, se eu encontrasse o tênis, ia falar bem de mim.
Ao chegar no escritório do condomínio, pedi para a Amelinha, a assistente, enviar um e-mail para os vizinhos da Dna. Marli perguntando sobre o tênis.
Na parte da tarde do mesmo dia, Dna. Marli me procurou quando estava saindo do prédio e me agradeceu com abraço, beijo e um pedaço de bolo de mandioca que ela tinha feito. O vizinho do lado do seu apartamento pegou o tênis e o guardou para que ninguém o roubasse e o entregou depois do horário do almoço.
Mais um problema resolvido. Pedi a ela não deixar nada do lado de fora do apartamento. Ela prometeu que não faria mais isso.